Algumas pessoas além de ser pai de família também tem a missão de ser empresário. Significa que tem mais um filho: a empresa. Passar por noites pouco dormidas, poucas horas de sono, cair, levantar, cair, levantar e acompanhar até que aprenda a caminhar por si faz parte da rotina vivida pelo empreendedor.
Historicamente coube ao pai o papel de caçador, ou seja, aquele que vai atrás dos suprimentos necessários para os membros da sua família sobreviver. A primeira missão como pai é suprir as necessidades dos seus familiares. No mundo atual os pais não saem à caça, vão ao trabalho, e lá produzem produtos ou serviços úteis às pessoas.
As tarefas e os passos do pai e do empresário são muito semelhantes excetuando alguns deveres como chefe de família. Suprir as necessidades, fazer crescer, acompanhar na infância e na adolescência, até começar a trilhar seu próprio caminho.
Na infância é o pai levantando e segurando o filho para que aprenda a caminhar com suas próprias pernas. Na empresa recém nascida, o empreendedor é o executor das tarefas operacionais, é a força propulsora para levantar a empresa, fazer crescer e caminhar para frente.
Na adolescência o filho não quer mais ser segurado pelo pai. A missão do pai é fazer que o filho siga o direcionamento correto na vida. É uma fase muito difícil, o filho já não necessita dos seus braços, quer trilhar seus próprios caminhos com os seus amigos. O diálogo, a comunicação fica mais difícil. Não há como controlar todos os passos. É preciso confiar que tomará as decisões corretas e seguirá o caminho certo.
O empreendedor nesta fase deixa de ser o executor das tarefas. Mais pessoas fazem parte da empresa. Significa, delegar as tarefas, confiar nas pessoas. É muito difícil direcionar todas as pessoas ao mesmo rumo, objetivo comum a todos. Há a necessidade de dialogar, comunicar, compartilhar as informações.
A terceira fase é da maturidade e certa estabilidade. O filho já adquiriu estabilidade emocional e começa a ganhar a sua independência financeira. Depois de mais algum tempo vai querer caminhar sòzinho. Chegou a hora de deixar ir.
Um dia o filho está pronto, cresceu e vai embora. É uma tristeza? Sim, mas é o momento de se confortar, de entender. Significa que ele (a) ultrapassou o pai e está deixando-o para trás. Não poderia ser de outra forma: o aluno supera o mestre e o filho ou a filha sempre supera o pai.
Se não fosse assim, não haveria progresso: a nova geração supera sempre a geração anterior. Isto faz parte do ciclo da vida, não podemos contrariar a natureza. É uma alegria vê-lo ultrapassando. É verdade que o sentimento seja misto de alegria e tristeza. Não só por ter sido ultrapassado, mas talvez por não conseguir mais acompanhá-lo na mesma velocidade.
Criamos, educamos os nossos filhos para o mundo. Da mesma forma, a empresa não é para servir só ao interesse do dono da empresa. A empresa é da sociedade, da comunidade que pertence, porque se a sociedade perceber que a empresa não tem vontade de servir ao público certamente acabará fechando.
A mais difícil missão é o momento de deixá-lo ir embora, ficar para trás. É preciso soltá-los, cada qual no seu devido tempo: o filho e a empresa. É uma decisão muito difícil e até dolorosa. É difícil saber a hora certa de tomar a decisão, mas chegará um momento em que se não deixá-los ir adiante, significa que estará atrapalhando o crescimento.
De qualquer forma é o momento delicado na família ou na empresa. A sucessão empresarial deve ser pensada, conduzida de forma racional, profissional. Na prática significa separar a família do negócio. A empresa assim como filho já tem a vida própria. Ambos os filhos precisam seguir o seu caminho próprio. Cabe ao pai conduzi-los adequadamente até a conclusão do processo.
Autor
Orlando Norio
Fonte: http://goo.gl/dcW2Rd
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