Inventar é preciso…


Shu, Ha, Ri.
Primeiro, segue o mestre, faz. Depois, procura entender os porquês.
Só depois de esgotar os dois primeiros passos, em que o valor do conhecimento existente é exaurido, na melhor relação custo-benefício, é que chega a hora de buscar o novo…
Quando é que vale a pena investir tempo, custos com experiências e perturbação da produção, contratar pessoas… para inventar?
Para quem trabalha numa organização privada, com forte foco em resultados financeiros, a resposta é relativamente simples.
vale buscar o caminho da invenção quanto eu tenho um problema real, para cuja solução o conhecimento disponível não é suficiente.
O valor do problema é que define o limite do meu investimento.


 
Assim, na busca do conhecimento, demandado pela ponta do uso, primeiro exaurimos as possibilidades de encontrar as respostas nos Centros de Saber.
Para investir em geração de conhecimento, é preciso, sempre, primeiro, responder à pergunta:

 

Por que ninguém inventou isto ainda? Por que cabe a mim, dar este passo no escuro?

 
Há ambientes que são especialmente propícios ao surgimento de nichos com resposta positiva a esta pergunta.
Percorrendo os casos em que fomos levados à buscar a invenção, identifico, hoje, alguns dos ambientes que geraram estas oportunidades.

  • A instalação de uma planta de Redução Direta no Rio de Janeiro foi um exemplo claro. Ela tinha uma configuração inédita, a ligação de uma planta petroquímica com um novo processo de redução de minério de ferro. E mais: o projeto era coordenado por pessoas com experiência em manutenção, mas neófitos em projetar instalações com riscos tecnológicos…
  • Outro foi a da construção da Siderúrgica Cearense. Com a tecnologia do fim do século XX, iríamos projetar uma fábrica num ambiente industrial ancorado, ainda, no século XIX. As escalas dos modernos equipamentos era para um mínimo de 300.000 toneladas por ano; a produção estimada para a Cearense era 10 vezes menor.
  • Ocasiões em que conhecíamos a fonte do conhecimento – mas não tínhamos acesso a ele, por questões financeiras, tais licenças de uso fora da nossa realidade econômica.
  • Ou, por razões macro-econômicas: quando era proibido importar novas soluções, já adotadas fora do Brasil. O caso mais impactante foi o que buscou diminuir nossa carência em equipamentos de informática, quando nossos técnicos criaram o Gerdautec. Tão logo  foram liberadas as importações, no governo Collor, erguemos memoriais aos Núcleos de Automação – e os dissolvemos, rapidamente.

(O Núcleo de 8 pessoas que tínhamos no Setor de Engenharia do Grupo, em Porto Alegre, foi oferecido, completo, ao mercado. Em uma semana uma empresa de Engenharia levou nosso time. Todos continuaram na sua vocação, que já não mais poderiam exercer, entre nós.)

  • A obra de construção da Cosigua, sobre um antigo mangue, que tinha uma camada de argila mole de cerca de 15 metros – praticamente homogênea. Outras empresas haviam se instalado em terrenos semelhantes (Reduc, Fabor, Cosipa) – mas lá, a camada de argila era muito variável. Além do mais, estas empresas não precisavam cuidar dos seus custos como nós o fazíamos – e muitas vezes as soluções que adotavam seriam impensáveis, devido a custo, para nós.
  • A “súbita” disponibilidade de uma nova tecnologia. Enquanto ela não estiver totalmente explorada, se oportunizam aplicações pioneiras, em nosso meio. Exemplo: evolução de técnicas de cálculo de concreto armado, uso de pré-moldados em construção, introdução do plástico em isolamento de cabos elétricos, e muitas outras.

 
Mesmo dentro destes nichos, era preciso, sempre, indagar:

  • qual o valor (de preferência, monetário) que compensará os recursos que serão investidos e os riscos que iremos correr?
  • não existem soluções já prontas, que podem ser usadas?
  • Por que não existem? Como nós não somos gênios, que condições inéditas temos, que nos habilitarão a encontrar uma solução que ainda ninguém encontrou?

Ou seja: sempre, antes de buscar o caminho da solução nova, é sábio seguir as etapas do Shu Ha Ri….
 
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