A historinha tem mais de 20 anos, é lá do tempo em que a gente tentava explicar o que é qualidade, como se motivam as pessoas no trabalho (a Alitália, constatei no fim de semana, ainda não aprendeu…) Uma pessoa vai jogar bolão. Bolão é um jogo absolutamente estúpido. Pegas uma bola, a jogas contra um grupo de pinos, e contas quantos consegues derrubar. Faltou racionalizá-lo. Qualquer engenheiro medíocre poderia montar uma calha, e sempre teríamos 9 pinos, 100%, em todas as jogadas. A bola já volta automaticamente. É barato e fácil instalar um tramela com controle remoto, de maneira que eu posso ficar tomando cerveja, e me bastará apertar um botão, e terei outros 9, sem precisar levantar da mesa. Um timerzinho mixuruca e uma foto-celulazinha básica poderiam completar a automação, eu faria 20 x 9 pontos sem levantar da mesa.
Mas talvez eu acabasse me desinteressando do bolão.
A graça do jogo está em saber que o resultado não é certo, e que depende de mim, da minha habilidade, e da meta que eu tenho. Não adianta competir com o Egon, ou outro cobra no jogo: o legal é ter um adversário do mesmo nível, um pouco pior, nos meus momentos de down, e um pouco melhor, quando estou animado e com vontade de melhorar, correr riscos.
Agora imagina se eu lanço a bola, cai uma cortina, eu ouço o barulho dos pinos caindo, e, quando a cortina se levanta, lá estão os 9 de pé novamente. E, no final do ano, recebo um relatório oficial, dizendo
Parabéns – você derrubou 41.619 paus este ano, subindo para o 5º. Lugar na sua categoria, este ano!
Este conto, de Kondo, mostra como se deve e não se deve motivar as pessoas no trabalho.
A motivação autêntica não é a que se obtém levando o pessoal, duas vezes ao ano, para atividades motivacionais num resort. A motivação ideal é a que foca o resultado do trabalho. Para isto – compare com o jogo de bolão – é necessário e suficiente:
* ter meta clara, estabelecida por mim, de acordo com o meu nível;
* entender que atingi-la depende da minha habilidade e do meu esforço;
* e, principalmente, receber feedback preciso e imediato, sobre o resultado que estou atingindo.
Quando conheci esta historinha, me lembro de ter observado que o grande astro do basquete mundial na época, Michael Jordan, cada vez que fazia uma cesta – e eram muitas – olhava para o placar…