Jeito de atar é uma expressão gauchesca, que pode ser entendida como forma de contratar, passando a idéia de que se trata de coisa muito simples, prática, bem bolada – nada a ver com burocracia, assessores jurídicos e tudo o que se segue.
Jeitos de atar remetem a causos deliciosos, em que nos maravilhamos com a simplicidade e efetividade da solução encontrada. O livro Freakonomics (editora Campus) tem alguns casos mais sofisticados, mas igualmente elucidativos para o tema.
SAÚDE – um hospital contratou os cuidados com a saúde de uma cidade por preço fixo – algo como 17 R$ / vida/ mês. O número de partos com cesariana caiu à 20% do que era.
ATENDIMENTO EM LOJA – a comissão por vendas é do grupo, não do indivíduo. As pessoas pressionam os colegas a ajudar, em vez de tentar se colocar na frente deles. O cliente pode, finalmente, tocar os produtos sem ser irritado por um vendedor. Acaba a síndrome de eu estou só olhando. A satisfação do cliente cresce, o valor das vendas acompanha.
TELEFONIA – o empreiteiro ganha um fixo por cliente conectado. Se o número de consertos aumenta além de um nível combinado, o percentual se reduz drasticamente. Ganhando por serviço prestado, era comum o cara subir no poste e simplesmente trocar a linha ruim para um vizinho – que em seguida reclamava, e era mais um atendimento. Na nova regra, o empreiteiro capricha na construção de uma linha nova – os defeitos vão aumentar o seu trabalho e colocar em risco o seu percentual!
GENÉRICO – se contratas por empreitada, precisas cuidar da qualidade – o contratado zela pela própria produtividade. Se contratas por hora, precisas dar mais atenção ao tempo que o contratado gasta, ele terá toda a calma do mundo para fazer com qualidade. Bons jeitos de atar evitam este dilema.
AS INTERRUPÇÕES DO LAMINADOR – medindo o tempo de interrupção, o pessoal se apressa, faz mal feito, o número não melhora. Cobrando o número de interrupções, o pessoal capricha, faz com calma e bem feito – o tempo de interrupções diminui!
GRUPOS VOLUNTÁRIOS PARA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS – se o prêmio é baseado no valor do resultado para a empresa, e dividido pelos componentes do grupo, acontecem 3 coisas:
* o pessoal não quer malas no seu grupo, os grupos são menores, só de gente que é necessária – o chefe pode ficar tranqüilo, o grupo cuida bem deste detalhe;
* o valor do resultado é conferido cuidadosamente, pela área de custo e contabilidade, não tem chute;
* o grupo escolhe metas SMART – relevantes, e atingíveis. Provavelmente não trabalhará em vão.